Estilo e dinheiro: Não olhar para o seu estilo faz você gastar mais

Muitas mulheres me dizem que não podem olhar para o próprio estilo porque não têm dinheiro para comprar mais roupas. Ou então, que não podem bancar roupas de lojas caras e, portanto, não têm dinheiro para ter estilo. Há uma ideia – equivocada, que fique claro – sobre estilo e dinheiro: a de que olhar para o próprio estilo e se vestir de acordo com ele custa caro. Mas eu vou te mostrar que, na real, é o oposto disso – e que ignorar o seu estilo é o que faz você gastar mais com roupas.

Antes de mais nada, vale pontuar: você já tem estilo. Todo mundo tem. E ele é único, individual e intransferível. Você pode não olhar para o seu estilo, não entender o seu estilo, mas ele está aí, dentro de você, como resultado dos seus gostos, experiências e personalidade.

Você desperdiça dinheiro se não olha para o próprio estilo

Dito isso, eu quero que você, querida pessoa que não olha para o próprio estilo porque não tem dinheiro para isso, abra o armário. Abriu? Então, dá uma geral rápida e conta quantas peças, das que você vê, você não vestiria se fosse sair de casa agora. Ou só vestiria se tivesse certeza de que não vai encontrar ninguém conhecido. Ou até vestiria sem grandes crises, mas com aquela sensação de “não tem tu, vai tu mesmo”. Contou? Pois é. Aposto que se você vasculhar os cantinhos do guarda-roupa, vai encontrar mais.

Essas peças que você comprou e se arrependeu, ou comprou por impulso, ou porque era o que tinha, mas não gosta tanto assim, são um desperdício do seu dinheiro e do seu tempo. Afinal, você pagou para ter roupas que não curte e elas ainda te atrapalham na hora de escolher o que vestir. E mais: elas ajudam a esconder as roupas legais que moram no seu armário, e que poderiam ser colocadas pra jogo se não estivessem soterradas embaixo de tanta blusinha que você comprou jurando que ia valer a pena.

Se uma blusinha que custou 80 reais está encalhada no armário, impedindo que você veja duas blusas que custaram 100 reais cada uma, então essa compra equivocada está te custando, na verdade, 280 reais. Tá vendo como não olhar para o seu estilo é o que faz você comprar errado e jogar dinheiro fora?

Recomeçar do zero? Não!

estilo e dinheiro

Foto de Liza Summer no Pexels

Isso não significa que você deve fazer o que aqueles programas absurdos de mudança de visual ensinam e jogar no lixo tudo o que tem. E também não quer dizer que você deve correr para o shopping e comprar roupas melhores do que essas. Talvez você não precise comprar mais nada por um bom tempo, mesmo tendo um guarda-roupa cheio de peças que não são bem o que você queria.

Quando eu falo sobre olhar para o estilo, não quero incentivar ninguém a começar um novo armário do zero, até porque ninguém começa nada do zero, a gente sempre parte de algum ponto. Além disso, eu sei que olhar para o próprio estilo é um processo que pode durar meses, então não faria sentido te incentivar a resolver tudo de uma hora para outra – não funciona assim. O terceiro e mais importante motivo pelo qual você não deve recomeçar seu guarda-roupa é que, provavelmente, uns 50% do que você tem aí já é ótimo e tem tudo a ver com você.

Provavelmente você não vê isso porque não ajustou as roupas do jeito que elas precisavam ser ajustadas quando comprou, ou está presa em combinações que faziam sentido em outra fase da vida e agora não fazem mais, ou porque não enxerga possibilidades para uma peça que tem potencial e só precisa de uns truques de styling… Falo com a experiência de quem ajuda mulheres a encontrarem o próprio estilo há mais de uma década e já abriu centenas de guarda-roupas que supostamente eram casos perdidos. Tem muita coisa boa aí dentro!

Eu posso provar isso matematicamente. Existe uma coisa chamada Lei de Pareto, que se aplica a muitas coisas na vida, inclusive ao seu armário. E ela me diz que você usa só 20% das roupas que tem, 80% do tempo. É claro que tem peças, tipo vestido de madrinha de casamento, que a gente só bota pra jogo de vez em quando. Mas também tem muito vestidinho despretensioso que parecia uma pechincha na arara da loja, e agora tá aí encalhado, que eu sei!

Mas, para reconhecer as maravilhas escondidas embaixo dessas compras erradas, é preciso olhar para o seu estilo. Antes de entender o que te representa e o que faz sentido pra você, essa DR com o guarda-roupa dificilmente vai fluir.

Quando a vida muda, o estilo muda também?

“Ah, mas eu mudei de profissão. Eu era gerente de vendas em uma multinacional. Agora eu planto orgânicos em um sítio. Meu estilo mudou! É claro que eu preciso de um guarda-roupa todo novo”. Então, na verdade você não precisa, não. Mesmo depois da mais drástica das mudanças. É que, por maior que seja a transformação – e aqui eu falo de mudar de profissão, ir morar em outro país, se tornar mãe, se divorciar, sobreviver a um meteoro – o estilo permanece o mesmo.

O que muda junto com as fases da vida é a maneira como a gente se coloca para o mundo. Ou seja, o pedacinho do nosso estilo que nós julgamos mais adequado expor. Pode ser que, através da imagem, antes você se mostrasse mais forte e assertiva, e hoje você sinta a necessidade de externalizar um lado mais fluido. Mas essa fluidez sempre esteve em você, ela só ganhou mais espaço. Assim como a força e a assertividade continuam aí, você só não precisa tanto delas como antes.

Eu sempre uso a metáfora da noz para explicar isso. Você já viu as nozes na nogueira?
Como você vê na imagem abaixo, são frutos verdes, parecidos com limões, que em nada se assemelham àquelas oleaginosas duras que aparecem na mesa de Natal.

green fruits

imagem: shahab yazdi via unsplash

Mas são nozes, do mesmo jeito. O fruto verde e a semente dura são a mesma coisa, embora se apresentem de maneiras totalmente diferentes. Assim é também o estilo de cada uma de nós, que pode se apresentar de diferentes maneiras ao longo da vida, mas em essência permanece o mesmo.

Portanto, ainda que a vida tenha te levado para caminhos totalmente diferentes daqueles que você vinha seguindo, você não precisa recomeçar o guarda-roupa do zero. É possível fazer adaptações e continuar usando muita coisa que já está aí.

Você precisa mesmo fazer compras?

Depois de dar uma geral no guarda-roupa, tirar o que realmente não merece morar aí e fazer os ajustes e consertos necessários nas peças que vão ficar, pode ser que você constate que precisa mesmo comprar algo. Uma calça para trabalhar, um casaco quentinho, roupas de Verão… Seja lá o que for, coloque no papel. Faça uma lista.

Antes de correr para o e-commerce mais próximo e dar um jeito de resolver logo o assunto, pesquise referências e decida o que você quer. É uma calça? Ok. Mas que calça? É lisa, é estampada, é estruturada, é molinha, é de linho, de veludo, de elastano? Pantalona, skinny, flare, mom jeans? Com brilho, com bordado, destroyed, sem lavagem? Vamos lá, idealize!

Pode ser que você demore semanas para encontrar a peça desejada – eu já demorei seis meses para comprar um batom – mas quando você finalmente encontrar, vai ser A Calça. Você vai vestir a bendita e sair de casa escutando “digdin digdin digdin”.

Você não vai precisar comprar duas calças do mesmo modelo em cores diferentes porque tá em dúvida, não vai querer comprar outra calça 2 semanas depois porque a sua não é tão boa e nem vai ter que comprar uma blusa para combinar com a calça, porque ela vai encaixar perfeitamente no seu armário.

Isso, minha amiga, se chama compra planejada, inteligente e, acima de tudo, econômica. E ela só é possível quando você olha para o seu estilo. Entende agora por que a relação entre estilo e dinheiro é: se você não olha pro primeiro, desperdiça o segundo? Então bora descobrir e entender esse estilo maravilhoso que só você tem, porque sua vida financeira só tem a ganhar.

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