Sobre a tal da calça floral

Há alguns meses, temos visto nos sites de street style/lookbooks gringos (e, ultimamente, em alguns nacionais) uma nova mania: a calça floral. Essa é uma proposta um tanto quanto polêmica, porém bem marcante, da primavera do hemisfério norte que, devido ao nosso inverno menos rigoroso e à ansiedade de lojistas e fashionistas, provavelmente já começará a ser usada em breve por aqui – atingindo seu auge na nossa primavera/verão que vem. Mas na hora que uma proposta assim vai para as ruas, inúmeras dúvidas começam a brotar.

Antes de mais nada, é preciso considerar que a escolha exige uma personalidade moderna e desinibida. É a tal história de “carregar o look”.

Como as calças ocupam um maior espaço no nosso corpo do que as saias e shorts, a estampa acaba chamando muito mais atenção – o que pede cautela para quem já tem o quadril avantajado, aliás.

O nosso olhar também é menos acostumado a ver estampas em calças e isso, às vezes, cria certo “choque” em um primeiro momento. Esses fatores fazem com que a peça seja usada com menos frequência do que um jeans, por exemplo, já que surge aquele medo de outros tomarem o look por um “uniforme”.

Mas existem prós também!

Usar estampa na parte de baixo é uma ótima maneira de “sair da caixinha” e refrescar a imagem, já que normalmente possuímos mais tops chamativos, enquanto as calças são neutras (mesmo porque, quando planejamos um guarda-roupa, o número de bottoms é sempre 1/3 menor do que o de partes de cima, então precisam combinar com mais coisas). Além disso, é um jeito de “animar” os looks tão sóbrios que normalmente usamos quando a temperatura despenca. E para quem tem o quadril mais estreito do que os ombros, a proposta ainda vem com o bônus de valorizar a região.

Se você se identifica com a “tendência” e achou que o lado bom é muito mais relevante do que o lado que desaconselha, mas não sente segurança para adotar, saiba que algumas diretrizes facilitam muito. A começar pela hora da compra:

– a versão mais vista é a em floral com fundo escuro/preto. Não é a toa: reduz consideravelmente o efeito “ampliador de quadril” e também torna a peça mais versátil, podendo tanto ser usada no inverno (por causa da cor mais escura), quanto no verão (já que o floral/colorido tem tudo a ver com a época);

– atente para a definição e também para o tamanho do desenho. Quanto mais abstrato/menos definido for o contorno e quanto mais proporcional ao seu tamanho (nem muito menor, nem muito maior) a estampa for, menor o aumento na sua figura.

– escolha um modelo em tecido plano, ao invés de malha: a estampa já chama atenção e transmite uma certa “informalidade”, a malha também tem esse poder de deixar qualquer peça mais casual – além de marcar muito mais a região e qualquer volume indesejado (podendo até cruzar a linha da vulgaridade). Já o tecido plano agrega sofisticação, além de cair melhor no corpo.

– prefira calças mais retas, que acompanham o formato da perna (inclusive, que sejam levemente ajustadas na barra), ao invés dos extremos skinny e pantalona: não apenas por ser mais moderna, mas porque quanto mais larga for a boca da calça, mais espaço ela vai ocupar no look. Além disso, mais volume ela vai criar, fazendo a perna parecer “gordinha” – o mesmo efeito criado pela calça justa demais, que marca dobrinhas indiscretas. Um bom truque é deixar sempre uma leve folguinha de tecido (2 ou 3 dedos), especialmente no tornozelo, o ideal para ressaltar essa parte mais magrinha do corpo.

Considerando esses detalhes na hora da compra, combinar a calça deixa de ser tão difícil – e ela se torna muito mais útil do que imaginamos. A regra principal aqui é fazer o olhar correr.

Quando nos deparamos com uma peça estampada, a primeira coisa que pensamos é combiná-la com uma peça lisa em cor neutra, mas esta coordenação vai dividir o corpo em blocos curtos e largos. Quando inserimos outra estampa, em ao menos um detalhe da parte de cima (vale até recorrer aos acessórios, como os lenços ou colares), fazemos com que o olhar seja puxado para cima, alongando a região e desviando um pouco o foco das pernas – isso ainda deixa o resultado muito mais moderno, já que há algumas temporadas quase não se fala de outra coisa que não o mix desses elementos.

Se o medo de ultrapassar o limite de informações fizer com que você aposte em uma coordenação com uma peça lisa, prefira um liso colorido, em tonalidade encontrada na estampa, ao invés da boa e velha camisa branca. Isso vai amenizar o corte da silhueta.

Caso opte pela branca, ou preta, escolha uma com textura, como uma blusa de tricô, ou até de paetês foscos, por exemplo.

Se a camisa for neutra e sem textura, recortes (tipo debruns) em outra cor, especialmente os verticais também ajudam. Outra solução com efeito similar é abusar dos casacos, paletós, ou coletes em cor contrastante sobre a camisa lisa.

No caso do combo calça estampada+blusa totalmente lisa, neutra ou não, os acessórios são indispensáveis, especialmente no pescoço. Maxicolares são a melhor escolha para o verão, enquanto pashminas poderosas são ideais para o inverno – lembrando que estas podem fazer as vezes de colete. Mais uma saída é abusar de blusas e camisas com jabôs, laços no pescoço e outros detalhes avantajados na gola – especialmente se o seu quadril for do mesmo tamanho ou maior do que seus ombros.

Não tenha medo de usar acessórios nas cores da estampa, como uma sapatilha ou uma pashmina colorida, ao invés de neutra. Lembre-se apenas de espalha-los proporcionalmente pelo corpo, para que a silhueta seja balanceada, e o resultado ficará ainda mais atual.

O mais importante é deixar a preguiça de lado, ir para o armário e provar a calça com todas as peças que puder. Ao final deste exercício, verá que a calça estampada renderá ainda mais combinações do que as pensadas à princípio!

* Para se inspirar:    http://lookbook.nu/looks?q=floral+pant

                                     http://www.chictopia.com/floral-pants-how-to-wear/search/clothes

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